EDUCAÇÃO VIRTUAL: PIP - 60 PLANOS DE AULA PARA INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA - ALUNOS BAIXO DESEMPENHO - 3º ANO E. F.
Olá Bom dia,
Trabalho como como Coordenadora Pedagógica de Fundamental Menor e amei suas sugestões. Tem como você compartilhar em meu emails 60 planos? ledaalmeidaborges@yahoo.com.br
Grata,
Lêda Borges.
EJA EM JACUNDÁ
Este blog envolverá todas as atividades desenvolvidas nas turmas de EJA de Jacundá. Também contribuições pedagógicas para todos os educadores interessados em vivenciar e desenvolver uma Educação Emancipatória.
quarta-feira, 24 de agosto de 2016
segunda-feira, 25 de janeiro de 2016
Livros do Paulo Freire
Livros do Paulo Freire
Fonte: Acervo da Biblioteca Central da UFPB - Biblioteca Digital Paulo Freire
Caso você não tenha o programa para visualizar arquivos em pdf, baixe o Adobe Acrobat 8.1 gratuitamente aqui!
Cadernos EJA - MEC
Material Complementar - Cadernos EJA
Apresentação
Ao longo de sua história, o Brasil tem enfrentado o problema da exclusão social que gerou grande impacto nos sistemas educacionais. Hoje, milhões de brasileiros ainda não se beneficiam do ingresso e da permanência na escola, ou seja, não têm acesso a um sistema de educação que os acolha.
Com esse intuito, a Secad apresenta os Cadernos de EJA: materiais pedagógicos para o 1.º e o 2.º segmentos do ensino fundamental de jovens e adultos. "Trabalho" será o tema da abordagem dos cadernos, pela importância que tem no cotidiano dos alunos. A coleção é composta de 27 cadernos: 13 para o aluno, 13 para o professor e um com a concepção metodológica e pedagógica do material. O caderno do aluno é uma coletânea de textos de diferentes gêneros e diversas fontes; o do professor é um catálogo de atividades, com sugestões para o trabalho com esses textos.
Educação de qualidade é um direito de todos os cidadãos e dever do Estado; garantir o exercício desse direito é um desafio que impõe decisões inovadoras.
Para enfrentar esse desafio, o Ministério da Educação criou a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade - Secad, cuja tarefa é criar as estruturas necessárias para formular, implementar, fomentar e avaliar as políticas públicas voltadas para os grupos tradicionalmente excluídos de seus direitos, como as pessoas com 15 anos ou mais que não completaram o Ensino Fundamental.
Efetivar o direito à educação dos jovens e dos adultos ultrapassa a ampliação da oferta de vagas nos sistemas públicos de ensino. É necessário que o ensino seja adequado aos que ingressam na escola ou retornam a ela fora do tempo regular: que ele prime pela qualidade, valorizando e respeitando as experiências e os conhecimentos dos alunos.
A Secad não espera que este material seja o único utilizado nas salas de aula. Ao contrário, com ele busca ampliar o rol do que pode ser selecionado pelo educador, incentivando a articulação e a integração das diversas áreas do conhecimento.
Bom trabalho!
Fonte: (Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade - Secad/MEC)
Os cadernos são divididos em 13 temas:
* Clique sobre o tema para visualizar o carderno.
1. Cultura e Trabalho
2.Diversidades e Trabalho
3.Economia Solidária e Trabalho
4.Emprego e Trabalho
5.Globalização e Trabalho
6.Juventude e Trabalho
7.Meio Ambiente e Trabalho
8.Mulher e Trabalho
9.Qualidade de Vida. Consumo e Trabalho
10.Segurança e Saúde no Trabalho
11.Tecnologia e Trabalho
12.Tempo Livre e Trabalho
13.Trabalho no Campo e Trabalho
2.Diversidades e Trabalho
3.Economia Solidária e Trabalho
4.Emprego e Trabalho
5.Globalização e Trabalho
6.Juventude e Trabalho
7.Meio Ambiente e Trabalho
8.Mulher e Trabalho
9.Qualidade de Vida. Consumo e Trabalho
10.Segurança e Saúde no Trabalho
11.Tecnologia e Trabalho
12.Tempo Livre e Trabalho
13.Trabalho no Campo e Trabalho
As trocas que fazem a turma avançar
As trocas que
fazem a turma avançar
Trabalhar individualmente ou em grupos exige habilidades
diferentes das crianças. Confira como potencializar os ganhos para toda a
classe
Uma vez definidos os conteúdos que serão trabalhados ao longo do ano e depois
de escolhidas as modalidades organizativas, como você viu nas reportagens das páginas anteriores,
chegou a hora de saber como usar a interação entre os alunos a favor da
aprendizagem. Durante muito tempo, a garotada era obrigada a se sentar em
filas, com uma carteira atrás da outra. Felizmente, estudos e pesquisas
didáticas mostram que determinadas atividades, quando realizadas em grupos,
trazem mais benefícios para o aprendizado de todos. Mas essa forma de
ambientação da classe precisa ser pensada com antecedência para que os
objetivos sejam efetivamente atingidos. Divididos de forma adequada e sob a
supervisão do professor, os alunos aprendem na troca de pontos de vista, ganham
espaço para criar e passam a testar hipóteses, refazer raciocínios e
estabelecer correlações, para construir conhecimentos. "A discussão e a
argumentação crítica também são elementos constitutivos da aprendizagem",
diz Silvia Gasparian Colello, pesquisadora de Filosofia e Ciências da Educação
da Universidade de São Paulo.
Segundo os especialistas, a
interação em classe é importante porque é muito diferente para as crianças
aprender com o professor (alguém mais velho, que domina os conteúdos) ou com os
colegas (que têm a mesma idade e um nível de conhecimento mais próximo).
"O grande benefício é essa troca horizontal", resume Regina Scarpa,
coordenadora pedagógica de NOVA ESCOLA e da Fundação Victor Civita (FVC). A
sala pode ser dividida em grupos de dois, três, quatro ou mais estudantes. E é
possível experimentar diversas combinações de grupos - inclusive numa mesma
aula. A condição essencial para definir essas divisões é, claro, o que cada um
domina e o que precisa aprender. "Os agrupamentos produtivos nascem quando
os estudantes têm habilidades próximas, mas diferentes. Assim, os dois têm a
chance de complementar o que já sabem individualmente e avançar juntos",
completa Regina.
Foi o pensador russo Lev Vygotsky (1896-1934) quem percebeu que as interações sociais são impulsionadoras do conhecimento, pois a aprendizagem só se consuma quando intermediada pelo outro. No entanto, esse embate com opiniões diferentes gera conf litos. Mas essas faíscas, longe de serem enquadradas como indisciplina, podem ajudar a melhorar a qualidade do aprendizado. Essa é uma das formas de ensinar estratégias de resolução de problemas, baseada no respeito e na cooperação. O professor pode prever em seu planejamento explicações sobre o jeito de cada um administrar seu tempo, falar e olhar o mesmo assunto. E considerar que essa diversidade está presente em todas as salas de aula.
Ao assumir uma postura mais
ativa, o aluno não só aprende como também desenvolve valores sociais
importantes: o respeito, a compreensão e a solidariedade, o saber ouvir e
falar. Conviver, relacionar-se com o próximo e trabalhar em equipe são
habilidades fundamentais para o mundo de hoje, dentro e fora da escola. E as
atividades em grupo permitem ao estudante acolher o ponto de vista alheio.
"Colocando-se no lugar do outro, o ser humano descobre que existem novos
jeitos de lidar com o mundo", diz Silvia. "E é dessa maneira que
avançamos no conhecimento."
O primeiro passo: conhecer as características dos alunos
O primeiro passo: conhecer as características dos alunos
Planejar atividades em grupo
exige que o educador conheça bem a turma. As crianças, naturalmente, descobrem
afinidades - mas nem sempre isso tem a ver com os objetivos da aula. "Daí
a importância desse trabalho de identificar o momento em que cada estudante se
encontra", afirma Adriana Laplane, da Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp) e autora do livro Interação e Silêncio na Sala de Aula.
Alternando os parceiros, todo
aluno acaba por experimentar papéis diferentes, sobretudo no que diz respeito à
habilidade de defender suas ideias e aceitar as dos outros. "Uma
criançamenos participativa pode se tornar muito atuante quando uma área que
domina entra em jogo. Assim, o professor consegue quebrar o esquema de
forte/fraco da sala e faz com que todos tenham mais voz", explica Adriana.
Vale lembrar que é melhor agrupar crianças com perspectivas diferentes sobre o
mesmo assunto. "O ideal é mesclar características complementares para que
todos se ajudem e aprendam mais."
Mas é importante levar todos esses critérios em conta. "As escolhas livres, baseadas em afinidades afetivas, não podem ser a regra", afirma Maria das Graças Bregunci, pesquisadora do Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). "Se desejamos formações para o trabalho pedagógico efetivo, as escolhas precisam ser intencionais e reguladas pela natureza da tarefa ou as competências diferenciadas dos estudantes", diz. Com isso em mente, não sobra ninguém sem parceiro.
Mas é importante levar todos esses critérios em conta. "As escolhas livres, baseadas em afinidades afetivas, não podem ser a regra", afirma Maria das Graças Bregunci, pesquisadora do Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). "Se desejamos formações para o trabalho pedagógico efetivo, as escolhas precisam ser intencionais e reguladas pela natureza da tarefa ou as competências diferenciadas dos estudantes", diz. Com isso em mente, não sobra ninguém sem parceiro.
Só há interação de
verdade com troca de conhecimento
Um dos aspectos em que Olga
Maria Cabral, professora do 6º ano na EM Virginius da Gama e Melo, em João
Pessoa, costuma pensar na hora de formar as turmas é o tempo disponível para a
atividade. Ela começa expondo os temas a tratar, discute as linhas gerais e
coloca os estudantes para trabalhar. Olga sabe é que para os grupos funcionarem
é essencial atentar para o modo como os jovens desenvolvem as atividades. A
interação não é a simples reunião de pessoas. São situações reais de troca e
parceria. Se o aprendizado não é compartilhado, não houve interação de verdade.
Darli Collares, especialista em
Psicologia da Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS),
diz que a verdadeira lição de convivência proporcionada pela interação é a
perspectiva de ter de renunciar a um ponto de vista em favor do trabalho comum.
"Numa atividade desse tipo, todos têm de se comprometer a realizar algo
para o coletivo", ensina. É dessa forma que o aluno ganha autonomia,
começa a tomar decisões próprias e aprende a argumentar, sentindo-se confiante
para se posicionar em relação ao conhecimento - tanto quando está sozinho como
no meio do grupo.
Temas de História ou Geografia são bons exemplos para ilustrar essa diversidade. Ao tratar da escravidão durante o período colonial, é fácil encontrar textos, imagens e músicas com visões divergentes sobre o tema. Com a turma separada em trios ou quartetos, cada grupo pode discutir um aspecto do assunto, com base em uma parte do material disponível. Em seguida, a classe se reúne para discutir essas interpretações divergentes - e, com isso, a cabeça de todos se abre. Ao perceber a multiplicidade de abordagens, o jovem consegue observar melhor as diferentes concepções e os interesses por trás dos relatos.
"Melhor que evitar as discussões é aproveitar essas oportunidades para assimilar as diferenças e compreender e respeitar os colegas", diz Ana Maria de Aragão Sadalla, da Faculdade de Educação da Unicamp. Esses aspectos sociais são tão importantes quanto o conteúdo. Afinal, é preciso compreender que o simples fato de surgirem diferentes pontos de vista sobre um assunto não significa, necessariamente, que os alunos desenvolvam uma mudança conceitual e avancem na aprendizagem. Como escreveu a especialista argentina Mirta Castedo, "os conflitos que nascem nesse contexto nem sempre resultam em benefícios cognitivos". No entanto, não há dúvida de que esse tipo de interação entre os jovens gera, sim, condições para que (devidamente orientados e supervisionados) todos aprendam mais.
Divididos de forma adequada e sob supervisão, os jovens são confrontados com diferentes pontos de vista, criam e testam hipóteses, refazem raciocínios e estabelecem correlações. E assim aprendem mais. Nesse percurso, o fundamental é descobrir o que cada um já sabe para alcançar os objetivos.
Temas de História ou Geografia são bons exemplos para ilustrar essa diversidade. Ao tratar da escravidão durante o período colonial, é fácil encontrar textos, imagens e músicas com visões divergentes sobre o tema. Com a turma separada em trios ou quartetos, cada grupo pode discutir um aspecto do assunto, com base em uma parte do material disponível. Em seguida, a classe se reúne para discutir essas interpretações divergentes - e, com isso, a cabeça de todos se abre. Ao perceber a multiplicidade de abordagens, o jovem consegue observar melhor as diferentes concepções e os interesses por trás dos relatos.
"Melhor que evitar as discussões é aproveitar essas oportunidades para assimilar as diferenças e compreender e respeitar os colegas", diz Ana Maria de Aragão Sadalla, da Faculdade de Educação da Unicamp. Esses aspectos sociais são tão importantes quanto o conteúdo. Afinal, é preciso compreender que o simples fato de surgirem diferentes pontos de vista sobre um assunto não significa, necessariamente, que os alunos desenvolvam uma mudança conceitual e avancem na aprendizagem. Como escreveu a especialista argentina Mirta Castedo, "os conflitos que nascem nesse contexto nem sempre resultam em benefícios cognitivos". No entanto, não há dúvida de que esse tipo de interação entre os jovens gera, sim, condições para que (devidamente orientados e supervisionados) todos aprendam mais.
Divididos de forma adequada e sob supervisão, os jovens são confrontados com diferentes pontos de vista, criam e testam hipóteses, refazem raciocínios e estabelecem correlações. E assim aprendem mais. Nesse percurso, o fundamental é descobrir o que cada um já sabe para alcançar os objetivos.
TRABALHO INDIVIDUAL
- Quando
a atividade requer mais tempo para ser realizada
- Se
o professor quer que o aluno evolua em uma capacidade fazendo uma atividade
mais direcionada ao seu grau de aprendizagem específico
- Quando
a atividade serve apenas para avaliar o grau de aprendizagem daquele aluno
TRABALHO EM DUPLA
- Se
é necessário aliar dois conhecimentos distintos para uma atividade,
pode-se juntar alunos que possuam cada um deles
- Pode-se
explorar as variações de níveis de aprendizagem para que os alunos evoluam
juntos
- Quando
as questões de gênero ou sociais geram atritos, o trabalho em dupla ajuda
alunos diferentes a se relacionarem para chegar a uma resposta comum
TRABALHO EM TRIO
- Estimula
o aluno a ter firmeza para eventualmente insistir em seu ponto de vista,
contra-argumentando com os colegas
- Um
estudante fraco se aproxima de outro que sabe mais com a ajuda de um
intermediário
- Na
Educação Infantil, atividades com crianças de várias idades ganham com
essa diferença de maturidade
TRABALHO EM GRUPO (Quatro alunos ou mais)
- Quando
a temática é abrangente, ele vale para que os alunos aprendam de forma
mais complexa a dividir tarefas
- Pode-se
exigir mais da capacidade argumentativa, já que o professor consegue
montar grupos com alunos que tenham raciocínios bem diferentes
- Temas
complexos e polêmicos se desenvolvem melhor quando o debate é ampliado
Quer saber mais?
BIBLIOGRAFIA
Aprendizagem Escolar e Construção do Conhecimento, César Coll e Emília de Oliveira Dihel, 159 págs., Ed. Artmed, tel. 0800-7033444, 46 reais
Interação e Silêncio na Sala de Aula, Adriana Friszman de Laplane, 127 págs., Ed. Ijuí, tel. (55) 3332-0222, 15 reais
Ser Professor É Ser Pesquisador, Fernando Becker e Tania B. I. Marques, 136 págs., Ed. Mediação, tel. (51) 3330-8105, 32 reais
Sobre Pedagogia, Jean Piaget, 262 págs., Casa do Psicólogo, tel. (11) 3034-3600, 32 reais
Aprendizagem Escolar e Construção do Conhecimento, César Coll e Emília de Oliveira Dihel, 159 págs., Ed. Artmed, tel. 0800-7033444, 46 reais
Interação e Silêncio na Sala de Aula, Adriana Friszman de Laplane, 127 págs., Ed. Ijuí, tel. (55) 3332-0222, 15 reais
Ser Professor É Ser Pesquisador, Fernando Becker e Tania B. I. Marques, 136 págs., Ed. Mediação, tel. (51) 3330-8105, 32 reais
Sobre Pedagogia, Jean Piaget, 262 págs., Casa do Psicólogo, tel. (11) 3034-3600, 32 reais
Como definir o pacto de convivência com os alunos no começo do ano?
Como definir
o pacto de convivência com os alunos no começo do ano?
Uma conversa reflexiva, em que as crianças ou
jovens possam opinar, funciona melhor do que impor regras.
No primeiro dia de aula, é comum que
os professores, durante suas apresentações, falem das regras a serem seguidas
ao longo do ano – bem como das consequências quando forem descumpridas.
Acontece que, na maioria das vezes, mais cedo do que desejamos, os alunos não
só deixam de se orientar por elas, como simplesmente as esquecem. Isso,
normalmente, desencadeia desgastes e conflitos nas relações entre os docentes e
os estudantes. O que podemos fazer, então, para evitar os embates?
A resposta está relacionada aos
nossos objetivos como educadores. Se desejamos auxiliar na formação da
autonomia cognitiva e moral dos alunos, logo entenderemos que não basta listar o que pode ou não ser feito por eles.
É necessário engajá-los em suas
responsabilidades. E para fazer isso, os primeiros contatos no início do ano
são muito favoráveis. Neste momento, há por parte dos alunos e professores
maior disposição para um diálogo desse tipo.
Por isso, além da conversa
“quebra-gelo”, quando o docente faz sua apresentação pessoal, vale sugerir que
ele proponha à turma uma atividade reflexiva sobre a qualidade do clima que se quer e se deve ter, focando nas
características relacionais e não nas materiais. É possível que já neste
momento algumas regras surjam naturalmente. A ideia é discutir econstruir com cada turma os acordos, o contrato ou o pacto de convivência – a escolha do nome, junto com os
alunos, também faz parte da atividade.
Nesta atividade, o ideal é que se
registre todas as sugestões apresentadas pela garotada, mesmo aquelas “sem
noção” e, depois, se faça um debate sobre quais itens registrados sãodireitos de cada um e quais são os de todos.
Cabe ao professor deixar claro para a classe que o direito
de um nunca deve ferir o direito do outro. Via de regra, os alunos destacam
alguns pontos que se referem aos direitos
centrais de uma Educação de qualidade. Isso abre espaço para o professor
resumir tudo em uma lista que agrupe os tópicos de acordo com oprincípio ao qual eles se relacionam.Por exemplo: “Ter mais de uma explicação para entender uma tarefa” e “ter aulas ‘diferentes’” estão ligados ao princípio de uma boa
aprendizagem. “Poder errar sem medo de ser
‘zoado’” e “ser chamado a atenção em particular e
não na frente de todos”, por sua vez, diz respeito aos princípios do
respeito e da justiça.
À medida que os direitos são
agrupados, é importante também tratar sobre asresponsabilidades, afinal não há
como desvincular uma coisa da outra. Identificar o que compete a cada um para
que os direitos sejam preservados será, portanto, um processo natural,
verdadeiro e reflexivo. Assim que o quadro estiver completo, é hora de nomear
osprincípios presentes: boa aprendizagem,
comunicação, segurança, respeito etc. O resultado disso é contrato de convivência da turma, que, como tal, deve se
tornarpúblico,tanto para os
estudantes como para as famílias.
No decorrer dos dias, serão muitas as
oportunidades de convidar a classe ou, quando for o caso, alguns alunos em
particular, a refletir sobre quais princípios estão sendo preservados – ou não
–, o porquê e o que deve ser feito para garanti-lo. Quanto mais professores
adotarem uma prática reflexiva sobre a convivência
na escola, maior a chance das atitudes positivas estarem presentes nas
relações.
Se o professor decidisse apenas criar
um quadro de regras e ditá-las aos alunos, eles poderiam até decorá-las caso
elas fossem repetidas muitas vezes, mas, certamente, não seriam internalizadas – o que, de fato, nos interessa para o
desenvolvimento da autonomia. Obedecer à regra sem pensar a razão de ela existir e se realmente é justa e necessária é
estar ancorado na heteronomia. O processo descrito acima, sem dúvida, é mais
trabalhoso. Mas nos garante a coerência em relação aos nossos objetivos.
A cegueira social de nossos jovens
A cegueira
social de nossos jovens
Foto: Shutterstock
Estava eu em frente a uma escola de
São Paulo exatamente no horário de saída dos alunos de Ensino Médio e, é claro,
meu olhar de pesquisadora se aguçou, buscando perceber nas atitudes dos jovens
as características mais presentes nessa etapa do desenvolvimento. Certamente
pela proximidade do final do ano letivo e dos vestibulares, as conversas entre
os estudantes giravam em torno das provas, resultados, temor da recuperação e,
evidentemente, do cansaço, visível na fisionomia da grande maioria dos alunos
que por mim passava.
De repente, uma perua (Kombi),
carregada de caixas de verduras que subia aquela rua, começou a ter problemas,
a falhar e… parou. O trânsito de São Paulo – que não precisa de nenhum
incidente para ser naturalmente intenso – com a parada da Kombi, começou a se
complicar ainda mais. Nesse momento minha expectativa girava em torno de quem
seriam as pessoas a ajudar aquele homem (o motorista da Kombi). Mas a cena que
me chamou a atenção foi a de dois jovens que estavam bem próximos de mim.
Um deles, vendo toda a situação
(dificuldade do motorista, trânsito parando…) grita repetidas vezes o nome do
colega na tentativa de encontrar companhia para auxiliar. Entretanto, o garoto
demora tanto em atender às solicitações do amigo que, quando se volta para o
companheiro, a Kombi já estava devidamente estacionada porque, passados alguns
minutos, em meio ao barulho das buzinas e de n tentativas de dar
partida no motor, alguns pedestres se mobilizaram para ajudar a empurrar o
carro até o acostamento para que o trânsito fosse liberado. Enquanto o rapaz
que nem sequer havia prestado atenção ao tumulto gerado pela Kombi diz: “O que
foi?”, seu colega, ainda desconcertado, deixa escapar: “Puxa, ele precisava de
ajuda! Estou me sentindo mal!”.
Então vamos lá! O que está em pauta é
uma atitude de generosidade e solidariedade que não se consolidou porque a necessidade da adesão de
um par foi mais forte. O tempo que o jovem perdeu chamando
insistentemente o colega seria mais do que suficiente para que pudesse ter ajudado
a empurrar a Kombi. No entanto, o que me chamou a atenção foi justamente a
hesitação do rapaz! Era como se precisasse ter um amigo junto para que
acreditasse que a coisa certa a fazer era
ajudar. Estamos falando da força e lugar do valor moral – generosidade/solidariedade
– na personalidade daquele rapaz. Embora tais valores estivessem presentes, não
se mostraram centrais e fortes o suficiente para
mobilizar aquele jovem. Quando ele confessa para si mesmo que se sentia mal por
não ter colaborado, fica evidente a presença dos valores morais
referentes à ajuda ao próximo, em sua personalidade. Embora eu esteja focando
especificamente os dois jovens, não significa que outras dezenas deles,
presentes na cena, também sofressem, naquele momento, de umacegueira social. Afinal, nenhum dos adolescentes se mobilizou para auxiliar (muitos
nem sequer perceberam o problema).
E vocês podem indagar: “Típico dos
adolescentes: centrados em si!”. Sim, a centração na adolescência é, de fato,
muito forte. Mas é também da adolescência a crença de “temos solução para tudo
e salvaremos o mundo”, ou seja, uma ideologia social.
O propósito de trazer para nosso
espaço de discussão aquele episódio é usá-lo para levantar algumas hipóteses e
formular perguntas importantes para o trabalho de educação. Será que a educação tem garantido espaço para o exercício das
virtudes? Ou, no mínimo, para debatê-las? Será que o trabalho com o
conhecimento, com o raciocínio intelectual, não tem auxiliado o raciocínio
moral? Será que, para uma educação transformadora, raciocínios morais mais
evoluídos (que possam motivar ações morais) não são importantes? Será que
educação de qualidade se restringe a viabilizar o ingresso dos jovens em
renomadas universidades?Seguramente, entre aqueles alunos, muitos estarão
nas universidades no ano de 2016. Mas, sabemos, somente o avanço intelectual não garante evolução moral do ser humano. E o que
me parece consenso entre nós é que nosso trabalho também favoreça a formação de
um ser humano qualitativamente melhor e não somente do
ponto de vista intelectual. Sendo assim, vale nos preocuparmos com isso!
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